A dor que dói no outro precisa doer em mim: reflexões sobre o racismo que nos corrói

Compartilhar

Sandra Rita Molina

Passamos o dia da consciência negra deste ano trágico de 2020 discutindo mais uma das violências que consomem nossa sociedade: o Racismo.

Assinada em 5 de janeiro de 1989, a Lei número 7.716 completou 31 anos!

Não temos ausência de Lei, portanto…

Temos a ausência de uma sociedade pouco empática, que acha que a dor do outro não lhe convêm….. que brada não ser racista mas se aproveita das vantagens oferecidas aos brancos pela realidade do racismo estrutural calcado, entre outros aspectos, na brutal desigualdade econômica e social.

Logo após a abolição, em 1889, um ditado que circulava nas ruas deste país dizia que “A Liberdade é Negra, mas a Igualdade é Branca”.

Uma Lei pode auxiliar demonstrando que seu desrespeito precisa ser punido, mas nenhuma Lei nos mudará se, enquanto nação, não nos transformarmos…

É por esta razão que segundo Ângela Davis: Em uma sociedade racista não basta não ser racista. É necessário ser antirracista!

E como se faz isso?

Começando por sentir…

E se as lamentáveis cenas que sobejamente vimos ontem fossem com um branco? E se fossem com alguém de nossa família? E se fosse com você?

Já banalizamos mais de 160 mil mortes por Covid19 e o abandono estatal, até novembro de 2020.

Banalizamos a violência contra a mulher e contra as crianças.

Banalizamos os milhões de brasileiros lançados à pobreza relativa e extrema, enquanto tenebrosas transações se realizam nas instituições de Estado que deveriam nos defender…

Banalizamos as situações de racismo cotidianas, que muitos nomeiam apenas como constrangedoras….

Não podemos banalizar mais esta violência.

Ninguém, nenhum salvador da pátria virá nos defender e transformar este país em um lugar de equidade onde haja dignidade humana para todos!

Este sonho coletivo só acontecerá se nos dispusermos para tal. Que a violência de ontem, mais uma infelizmente, seja uma pausa para a reflexão sobre quem somos nós e o que desejamos, enquanto sociedade, para o futuro.

É Alteridade e Cidadania que fala?

Penso que sim!

*Deseja saber mais sobre o IPCCIC e os Seis Passos para a Cidade Humana? Acesse o nosso site: https://www.ipccic.com/. Conheça o livro “Os Seis Passos para a Cidade Humana” lançado pelo grupo em 2019: https://www.estacaoletras.com.br/product-page/os-seis-passos-para-uma-cidade-humana.