C de Comunidade

Depois de um longo processo de pesquisa e reflexão, os pesquisadores do Ipcic concluíram que o sentido de comunidade era fundamental para a convivência harmoniosa nas cidades. Estava consolidado o terceiro passo para a Cidade Humana. No âmbito da gestão municipal, esse conceito representa o desenvolvimento de competências relacionais e da interdependência entre agentes, dinâmicas, espaços e saberes, como premissa da vida em uma coletividade. “Eu me percebo, me reconheço, mas também sou capaz de ver as semelhanças e diferenças com os outros”.  Significa considerar uma preocupação mútua, uma confiança partilhada de que as necessidades de cada um são satisfeitas por meio do compromisso de estarmos juntos. 

No plano da gestão pública, o sentido de comunidade emerge como o respeito ao potencial e às identidades de cada localidade e dos grupos que lhes dão forma. Passa pela certeza de que a cidade não é a simples soma de indivíduos correndo atrás de objetivos particulares. É muito mais que isso. Compreende que interesses particulares e coletivos não se sobrepõem um ao outro. Eles são interdependentes e complementares. 

Não há uma receita pronta para desenvolver o sentido de comunidade. Justamente porque cada cidade tem o seu perfil, sua identidade. Portanto, soluções variam na medida do diagnóstico das particularidades de cada lugar. O que podemos ofertar são caminhos comuns, trilhas que podem ser seguidas em sentidos, ritmos e de formas diferentes. O que fica ao final deste breve texto é o convite para que gestores e munícipes enfrentem o desafio de ultrapassarem o individualismo encontrando-se com a dimensão educadora da coletividade. 

  • Projeto territórios educativos:

Itanhaém

https://www.cocreareconsultoria.com.br/projetos-cocreare/formação-itanhaem-educadora

Ilha Comprida

https://www.cocreareconsultoria.com.br/projetos-cocreare/projeto-pol%C3%ADtico-pedagógico-vivo-ilha-comprida

Amvap

https://www.cocreareconsultoria.com.br/projetos-cocreare/amvapa-formação-ppp-vivo

  • Trilha de aprendizagem para o desenvolvimento do sentido de Comunidade em projetos de gestão pública

 

  1. Escuta. Não apenas ouça os funcionários e munícipes. Mergulhe profundamente nas expectativas, necessidades, anseios e dores dos habitantes de sua cidade. Gere espaços de debate, pesquise, crie canais de comunicação simples e eficazes para dar voz a quem tem mais dificuldade em ser ouvido. Vá além: ande de ônibus, de Uber compartilhado, de bicicleta e a pé por sua cidade; faça uma consulta ou um exame no SUS, para entender a experiência de quem depende desse serviço; dê aulas em uma escola, converse com pais, alunos, professores e diretores. Isso mesmo, a sugestão é que os gestores tenham vivências reais que lhe proporcionem escutas transformadoras de si mesmo e da comunidade da qual faz parte. As formas de “escutar” a realidade podem variar de acordo com as características de cada cidade. 
  2. Compartilhamento. Planeje e fortaleça espaços de compartilhamento decisório e de gestão democrática. Fortaleça a gesos conselhos municipais, os grupos e comissões de análise. Não tenha medo de renunciar a sua ideia para agregar outras que venham, inclusive, de adversários políticos. Por que não? Eles não são inimigos. Compartilham do mesmo desejo de atuar pelo bem comum. No âmbito do planejamento urbano, amplie os espaços de convívio coletivo e planeje ações que promovam lazer, encontros, trocas, conversas. É importante que os moradores de uma cidade tenham experiências comuns, compartilhadas. Gere situações para que as pessoas deixem de “passar” pela cidade no caminho entre a casa e o trabalho. Estabeleça ações que as convidem a ficar, a fruir, a curtir o lugar em que vivem. Tudo isso gera proximidade e sentido de vizinhança. Essas iniciativas fortalecem as relações e a responsabilidade pessoal com o coletivo. Fomentam a estima por si mesmo e pelo próprio meio. 
  3. Responsabilidade. Convide o cidadão para que assuma sua responsabilidade com o coletivo e para que faça um investimento pessoal em sua cidade. Cuidar de sua rua, do seu lixo, da sua calçada, da praça. Só que para aprender a cuidar é preciso conhecer, se importar. O problema é que a maioria não sabe por onde começar a fazer isso. É preciso ensinar e formar munícipes responsáveis por sua cidade. Uma política pública que deseja a realização integral do cidadão precisa contemplar a formação. A cidade, assim, pode e deve assumir o seu papel educador. 
  4. Confiança. Construa democraticamente normas que garantam a ordem, a distribuição de poder, a transparência e o respeito às opiniões. Transforme a gestão pública em um ambiente facilitador e não complicador. O cidadão precisa ter a certeza de que exerce influência sobre o coletivo, aumentando sua capacidade de resolver problemas e executar tarefas nos espaços públicos. Isso o tornará mais passível de ser participativo nas decisões coletivas. Confiança desenvolve nos indivíduos a autoeficácia. 
  5. Identidade. Quando éramos crianças é bem provável que já soltamos a seguinte reclamação para a nossa mãe: – Mas, Mãe! Todo mundo pode fazer, por que eu não posso? E ela respondeu rápido: – Eu não sou mãe de todo mundo! Estamos aqui falando de identidade. O “todo mundo” de uma cidade é composto por diferentes identidades, diferentes modos de vida. Identificar, reconhecer e respeitá-las é fundamental e estratégico para a qualidade de vida. Para isso, estabeleça ferramentas de gestão que incluam os diferentes grupos, deixando claro que todos são vistos e ouvidos em suas diferenças e semelhanças.