– Mãe, uma pessoa pode mudar o mundo? Perguntou-me uma de minhas filhas. –Sim. Pode transformar o seu mundo e, ao fazer isso, pode inspirar e influenciar outros a fazerem o mesmo. Uma pessoa de cada vez atuando no seu mundo e teremos um mundo diferente. Respondi.
Eu realmente acredito nisto. Você, leitor, poderia contrapor dizendo: – Ora, mas isto é otimismo idealista. Não. Isso é ciência.
Para Jamil Zaki, da Universidade de Stanford, somos uma espécie social. “As pessoas são muito motivadas a serem parte de um grupo e a compartilharem um senso de identidade. Uma forma de fazer isso é imitando comportamentos, opiniões e emoções”. Temos a tendência de agir em conformidade com a maioria.
Estudos de Harvard e da Universidade da Califórnia publicados pela Revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2010, evidenciaram que pessoas beneficiadas por doações foram capazes de repassar a generosidade, criando uma rede de boas ações. Ao contrário do que indica o senso comum, a ciência aponta que somos propensos à cooperação e a ter empatia, principalmente, quando vivemos em comunidades menores, próximos uns dos outros, com mais conexões e interdependência. Entretanto, no mundo contemporâneo, marcado por uma crescente onda de ódio, desconexão e isolamento, parece cada vez mais difícil ter empatia.
Quem poderia mudar essa situação? A resposta não é “ele” ou “eles”. Não precisamos de um salvador da pátria, seja quem for ou de onde vier. A resposta mais acertada para os desafios da atualidade começa com “eu” e “nós”, iniciando um contágio positivo para realizar as mudanças que precisamos nesse momento.
As pesquisas indicam que isso é possível ao exercitarmos o músculo empático, disseminando generosidade e alteridade. Cabe refletir como fazer isso nesse momento de isolamento social, condicionado pelas medidas de contenção do contágio do Covid-19. Leitura de obras literárias, apreciação de obras de arte, um bom filme, ouvir música, ver a live de um artista, interações sociais por aplicativos, compartilhar aquele texto inspirador. Todas essas são ações possíveis, nesse momento, mas, talvez seja a hora de usar o bom e velho telefone para ligar para aquela pessoa com quem não falo há meses e doar um pouco do meu tempo para ouvi-lo sem pressa. Isso pode transformar o seu mundo e o do outro.
Se tudo isso não convenceu você, leitor, a gastar seu tempo disseminando o Bem, ao invés de gastá-lo lutando contra o Mal, aí vai mais uma pesquisa: um estudo publicado em 2017, na Suíça. Os participantes do estudo foram convidados a gastar 25 francos suíços por quatro semanas. Um grupo foi incentivado a comprometer o dinheiro com outras pessoas. O restante poderia usar o valor com eles próprios. Ao examinar o cérebro dos dois grupos com ressonâncias magnéticas, veio o resultado: quem doou o dinheiro apresentava maiores níveis de felicidade.
Eu não tenho mais dúvidas, ser generoso faz bem e muda o mundo. Para melhor.