Confesso que surtei!! Entre mensagens, higienização, lives e mais lives, cursos livres, ufffaaa! tempos de pandemia, tempos de ficar em casa! Porém, o imprevisível está na ordem do dia, paciência zero para previsões e elucubrações sobre o futuro imediato até porque, precisamos primeiro sobreviver a isso tudo! Entretanto, com o mundo se modificando ao nosso redor pessoas continuam preocupadas em vender, alimentar a cadeia nos velhos moldes do sistema produtivo, sim, porque o momento em que vivemos impõe novos modelos, incertos talvez, mas que precisamos experimentar se quisermos enfrentar esse “novo normal” pós-covid19. Agora, o momento é de observação, de transformação do nosso “pedestal opinativo” em aprendizagem pessoal para um novo coletivo social que vejo surgir, e assim perceber, que as pessoas tem valores e não preço. A moda hoje não é mais sobre roupas, acessórios, calçados e bolsas, mas, sim, o que você questiona sobre elas, quem as fez, em quais condições de trabalho e, necessariamente, qual a circularidade que esse produto terá. Li Jackson Araújo, que tem pesquisado sobre Economia Afetiva em que disse, “a moda, como o velho mundo, está morta! Essa moda, como a conhecíamos, empenhou-se em reforçar padrões de aparência e gosto”, que segundo o sociólogo Lipovetsky, “contribuiu para forjar certos traços característicos da individualidade moderna”. Só para recordar, já disse Gui Debord “o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda vida humana – isto é, social – como simples aparência”. A moda não é aparência, hoje ela enfrenta o “divã do consumismo capitalista” mas, como todos nós, busca pelo autoconhecimento a sua própria identidade ou a identidade da marca, associa as práticas de relaxamento e outras neurosensitivas, meditação, astrologia, etc , enquanto se depara com uma outra busca, a da cura mundial, da nossa própria cura que muito embora fragilizados porém, aconchegados em nosso reduto doméstico, pudemos constatar – podemos viver com menos! Menos roupa, calçados, alimentos, produtos de limpeza, cosméticos, recursos de toda a sorte e acima de tudo, consumo. Então, voltando ao nosso “velho mundo” para o qual não retornaremos mais, de onde brotaram os nossos excessos e do fiel “eu preciso disto”, precisamos reaprender com resiliência e sabedoria, em respeito ao coletivo mundial, a uma nova ordem ou um novo modelo. Assim, pensando, e ainda pelo viés da Economia dos Afetos, quero reforçar o sentido das manualidades, da artesania pelo resgate do toque, da emoção pela memória do abraço em tempos duros de isolamento social. A construção manual envolve camadas, materiais, sensoriais, permeada por saberes pessoais e de parentela, que identificam o sentimento de pertencimento a um passado comum, e que ao fazermos, vamos nos despindo também das nossas camadas mais profundas. Nesse sentido, concordo com Charles Revlon, “nas fábricas fazemos cosméticos, nas lojas vendemos esperanças” (Revlon Cosméticos).
Um ótimo final de semana!!
*Deseja saber mais sobre o IPCCIC e os Seis Passos para a Cidade Humana? Acesse o nosso site: https://www.ipccic.com/. Conheça o livro “Os Seis Passos para a Cidade Humana” lançado pelo grupo em 2019: https://www.estacaoletras.com.br/product-page/os-seis-passos-para-uma-cidade-humana.